Vacina contra dengue está na rede privada

Rede privada de Natal já vacina contra a dengue desde o ano passado. SUS começa em fevereiro – FOTO: ALEX RÉGIS/ TRIBUNA DO NORTE

Enquanto o Ministério da Saúde não inicia a campanha de vacinação contra a dengue, desde o ano passado a rede privada já está aplicando o imunizante e a procura tem crescido. Em Natal, alguns desses estabelecimentos esgotaram seus estoques de Qdenga, nome dado à vacina, e aguardam nova remessa para o mês de fevereiro. É o mesmo período em que o Ministério da Saúde deve enviar as doses para os estados.

No último sábado (20), chegou ao Brasil cerca de 750 mil doses da vacina que será disponibilizada pelo SUS nas regiões de saúde com municípios de grande porte, com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em conta altas taxas nos últimos meses.

Em 2022, foram mais de 12 mil casos confirmados e 21 óbitos causados pela dengue no RN. Nas últimas seis semanas epidemiológicas de 2023, o número de casos confirmados foi maior do que os de 2022. O relatório “Reflexões sobre o risco de arboviroses em 2024” da Fundação Oswaldo Cruz, elaborado em outubro de 2023, aponta que estão previstos cerca de 2,2 milhões casos suspeitos de dengue para este ano no país. A previsão é de aumento em quase todos os estados, com destaque para a região Nordeste.

O Ministério da Saúde já anunciou que cerca de 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas em 2024 no Brasil. Contudo, diante da capacidade limitada de fabricação de doses da vacina, já que o imunizante precisa de duas doses com intervalo mínimo de três meses, o público-alvo, em 2024, serão crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue, depois de pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa.

A Secretaria Estadual de Saúde Pública (SESAP), aguarda nota técnica do Ministério da Saúde para realizar os procedimentos.

Na rede privada o público é mais estendido, a partir dos 4 anos até os 60, conforme a indicação em bula. “A gente contempla a faixa etária, que é de 4 a 60 anos, para quem teve e não teve dengue. Ela dá imunidade para não ter a recidiva da doença. Então a vacina ela tem uma boa proteção para evitar essa dengue hemorrágica”, explica a enfermeira técnica da clínica Universo Vacinas, Graça Oliveira.

Ela ressalta que a importância de proteger também contra a recidiva é que, para uma pessoa que já teve dengue, o risco de contrair a forma grave, hemorrágica, da doença, é maior.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), a Qdenga, do laboratório japonês Takeda, é uma vacina tetravalente que protege, portanto, contra os quatro sorotipos do vírus da dengue: DENV 1, DENV 2, DENV 3 e DENV 4. Feita com vírus vivo atenuado, ela interage com o sistema imunológico no intuito de gerar resposta semelhante àquela produzida pela infecção natural.

O imunizante deve ser administrado em esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre elas, independentemente de o paciente ter tido ou não dengue previamente. Algumas clínicas que já aplicam a vacina em Natal estão aguardando nova remessa. Outras têm disponibilidade de doses, sendo que é preciso consultar antes porque, dependendo do estabelecimento, pode ser necessária a receita médica. O preço médio por dose fica em torno de R$ 450.

Na clínica de Graça Oliveira, não é necessário a receita médica, mas segue algumas contraindicações. “Quem não pode tomar são grávidas, mulheres amamentando, pessoas imunossuprimidas e imunodeprimidas. Maiores de 60 anos, só com prescrição médica”, orienta a enfermeira.

Além disso, indivíduos que tiveram reação de hipersensibilidade à dose anterior devem evitar a vacina. Já as mulheres em idade fértil e que pretendem engravidar devem ser orientadas a usar métodos contraceptivos por um período de 30 dias após a vacinação.

Graça ressalta que o imunizante tem eficiência comprovada. “A vacina mostrou resposta imunológica melhor do que a vacina anterior, já que é feita a partir do próprio vírus da dengue. Tem menos doses, pode ser administrada em pessoas que tiveram e que não tiveram dengue e o Takeda é um laboratório muito bom, reconhecido no mercado”, avalia. A dengue é uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica, variando desde casos assintomáticos a quadros graves.

SUS começa a vacinar em fevereiro

A previsão do Ministério da Saúde é que as primeiras doses da QDenga sejam aplicadas pelo SUS em fevereiro. Será a primeira remessa com 750 mil doses que chegou ao Brasil no último sábado. “A lista dos municípios e a estratégia de vacinação serão informadas pelo Ministério da Saúde nos próximos dias”, informou a pasta.

O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. O Ministério da Saúde incorporou a vacina em dezembro de 2023, após analisada pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS), que recomendou pela incorporação.

A remessa recebida no sábado passado passa pelo processo de liberação da Alfândega, da Anvisa,para ser enviada para o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). O Ministério solicitou prioridade nestas etapas e a previsão é que todo o desembaraço seja concluído ao longo dessa semana.

Além dessas, a pasta adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024 (5,2 milhões de doses) que, de acordo com a previsão informada pela empresa, serão entregues ao longo do ano, até novembro.
O Ministério da Saúde acordou, em conjunto com Conass e Conasems – órgãos representantes de secretarias de Saúde de estados e municípios – os critérios para a definição dos municípios que irão receber as doses, seguindo as recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e da OMS.

números

750 mil

é o número de doses enviadas ao Brasil na primeira remessa da vacina contra a dengue

TRIBUNA DO NORTE

Postado em 24 de janeiro de 2024