RN terá parque eólico operado 100% por mulheres

A AES Brasil, empresa geradora de energia 100% renovável, anunciou, nesta semana, que o Complexo Eólico Cajuína – empreendimento da AES Brasil em construção no Estado – será 100% operado com mão de obra feminina. O anúncio foi feito pela CEO da companhia, Clarissa Sadock, na quarta-feira (15), durante a aula inaugural da primeira especialização técnica voltada exclusivamente para mulheres, no Rio Grande do Norte. Com foco em operação e manutenção de parques eólicos, o curso é realizado em parceria com o Senai-RN, principal referência no País em educação profissional para o setor.

Equipe da Eólica Cajuína será selecionada entre as 76 especialistas que participam de curso do Senai

A primeira etapa do complexo tem início de operação previsto para o segundo semestre deste ano e a expectativa, segundo Clarissa, é que a equipe seja selecionada entre as 76 especialistas que serão formadas no curso. “Hoje o nosso principal polo de crescimento em geração eólica é no Rio Grande do Norte e, olhando para a nossa capacidade de seguir crescendo, que é o que chamamos de pipeline de projetos, podemos dizer que o maior potencial é também no Estado”, disse a executiva.

“A princípio, vamos contratar 30 mulheres para operação do nosso novo Complexo. Montamos junto com o Senai um curso de formação específica, para que possamos selecionar as que mais se enquadram na empresa do ponto de vista da qualidade profissional e se adequam melhor ao nosso estilo. O objetivo também é, claro, deixar um legado aqui, com mais pessoas especializadas para atender a demanda do setor”, acrescentou a CEO. O complexo abrange os municípios de Lajes, Angicos, Fernando Pedroza e Pedro Avelino e terá capacidade instalada total de 1,6 gigawatts (GW), (GW), volume sujeito à alteração em função de otimizações nos projetos.

Especialização

O diretor do Senai-RN e do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, citou o projeto como “um marco para o SENAI e um marco para o setor”. A Especialização Técnica em Manutenção e Operação de Parques Eólicos selecionou 76 mulheres com formação em eletrotécnica, mecânica e segurança do trabalho. O processo seletivo recebeu aproximadamente 600 currículos e, devido ao alto nível das candidatas, o número de vagas, que seria originalmente 60, acabou ampliado.

As participantes têm entre 19 e 57 anos e são oriundas de 18 municípios do Rio Grande do Norte, incluindo Natal, Parnamirim, Mossoró, São Gonçalo do Amarante, Lajes, Macaíba, Angicos, Assu, Caicó, Canguaretama, Ceará-Mirim, Cerro Corá, Extremoz, Jandaíra, João Câmara, Nísia Floresta, Patu e Serra do Mel.

O curso em que embarcaram a partir desta quarta-feira terá 460 horas – o equivalente a aproximadamente seis meses – e será oferecido de forma gratuita, com aulas online (ao vivo) e um encontro presencial.

“O Rio Grande do Norte e o Brasil vivem um momento ímpar no assunto desenvolvimento de energias renováveis. Nós temos, no estado, cerca de 30% da capacidade instalada de tudo o que se produz no Brasil em energia eólica, temos vários parques sendo construídos, incluindo o empreendimento da AES Brasil e nós precisamos aproveitar as oportunidades”, disse Mello. “Esperamos que essa especialização seja a primeira de muitas oportunidades e a expectativa é que ela não só gere mais oportunidades, mas oportunidades de melhor remuneração e melhor qualidade de emprego”, complementou ele.

O Programa de Capacitação criado por meio da parceria está alinhado às estratégias da AES Brasil e do SENAI-RN com foco nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em prol de avanços em áreas como oferta de educação de qualidade, redução das desigualdades e igualdade de gênero. Também está inserido em esforços relacionados ao Pacto Global de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem as duas instituições como signatárias.

Thaysa Mota, técnica em mecânica e estudante de engenharia, de 28 anos, destacou, como uma das alunas aprovadas para a especialização, “que espaços e oportunidades como esta são doses de esperança”. “Será um desafio particular para cada uma de nós e cada uma sabe o significado e o tamanho da força de seus sonhos”, disse em um discurso emocionado, em que fez menção a Celina Guimarães, Nísia Floresta e Ana Floriano, mulheres do Rio Grande do Norte que também tiveram trajetórias de pioneirismo e de busca por igualdade. “Elas ilustram nossas raízes e se tornam referência desse poder que traz a força de uma mulher”, frisou Thaysa, complementando: “Sou mãe de duas meninas e, diante das imposições sociais sobre qual deve ser o nosso lugar, busco, diariamente, ensiná-las de que o lugar de uma mulher é onde ela quiser.

Iniciativa ajuda a reduzir desigualdades

A vice-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) e presidente do Sindicato de Material e Laminados Plásticos do RN (Sindiplast-RN), Maria da Conceição Tavares, destacou que a iniciativa contribuirá para diminuir as desigualdades existentes no mercado de trabalho, ampliando a presença feminina no setor eólico. “Esse curso certamente irá gerar mais oportunidades para uma atividade tão promissora”, afirma.

Secretária Estadual de Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Olga Aguiar representou a governadora Fátima Bezerra na ocasião, frisando a importância de o estado ter mulheres qualificadas com formação técnica para um mercado em franca expansão, como o de energia. “Isto representa a promoção da igualdade de gênero, inclusão e cidadania”, disse Olga.

Investimentos

A AES Brasil foi aberta em 1999 como uma empresa de geração de energia 100% renovável, um dos seus grandes diferenciais. O Rio Grande do Norte é um importante polo de crescimento para a Companhia, onde adquiriu e opera os complexos eólicos Salinas, em Areia Branca, e Ventus, em área que abrange os municípios de Macau e Galinhos.

O Complexo Eólico Cajuína, no qual tem contratos de autoprodução de energia firmados com BRF e Unipar, teve as obras iniciadas em 2022. É o primeiro, no Estado, que está sendo construído pela companhia. A primeira fase do Complexo, situado na região do Sertão Central Cabugi, terá 324,5 Megawatts (MW) de capacidade instalada, com 55 aerogeradores; a segunda fase terá 370,5 MW.

“A equipe vai atuar em atividades de campo, de monitoramento da qualidade, por exemplo, do óleo, de manejo, de manutenção, de acompanhamento da segurança do parque, e tem a atividade de monitoramento também no escritório, que fica ao lado da nossa rede de transmissão e é onde, através dos computadores, dos softwares, nós acompanhamos a qualidade da operação dos aerogeradores”, exemplificou a CEO da empresa, Clarissa Sadock.

Postado em 17 de fevereiro de 2023