IBGE envia ao TCU prévia da população dos municípios com base no Censo 2022

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) envia nesta quarta-feira (28) ao Tribunal de Contas da União (TCU), a prévia da população dos municípios com base nos dados do Censo Demográfico 2022. Isso porque, sem a conclusão do Censo 2022 neste ano, o Instituto decidiu realizar um cálculo da população com base nos dados já levantados até o último dia 25. O número de habitantes é utilizado para o cálculo do Fundo Nacional de Participação dos Municípios e para determinar o tamanho das representações políticas (quantidades de vereadores e de deputados federais e estaduais).

Em evento no Rio, presidente do IBGE fez balanço dos desafios e avanços do Censo 2022

Durante encontro “Censo Demográfico – Avanços e Desafios”, realizado na manhã desta terça feira (27), o diretor de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, explicou que Censo precisa ser aproveitado a partir da divulgação dos dados já coletados, mas o processo de recenseamento vai seguir nos municípios ainda não contemplados. “Vamos fazer um trabalho de supervisão e controle de qualidade retornando aos domicílios classificados como recusa, fechado, vago ou de uso ocasional; e também a supervisão dos casos de omissão, duplicidades e inconsistências. Além da pesquisa de pós-enumeração”, complementou.

No evento, também foi assinado Acordo de Cooperação Técnica entre o IBGE e a Secretaria Municipal de Saúde, pelo presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, e o subsecretário de Gestão do Município do Rio de Janeiro, Márcio Leal. As duas instituições vão promover ações para utilização dos agentes de saúde na coleta e atualização do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), repositório de endereços de abrangência nacional mantido pelo IBGE.
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A secretária de Promoção e Atenção Primária e Vigilância à Saúde Ana Luiza Caldas, destacou a necessidade de utilizar agentes de saúde e vigilância a partir de novembro para alcançar a população que os recenseadores não estavam conseguindo. Foram premiadas simbolicamente as agentes de saúde Suelem de Souza e Fabíola Borges da Costa.

Durante o evento, Rios Neto e Cimar Azeredo agradeceram a parceria com o município do Rio de Janeiro e a Secretaria Municipal de saúde e fizeram um balanço das conquistas e desafios do Censo Demográfico 2022. Rios Neto destacou inovações como o teste de Paquetá, que não fazia parte do planejamento, assim como a pandemia, mas quebrou paradigmas e permitiu a realização de testes em 27 unidades estaduais, outra inovação tecnológica.

“O Rio de Janeiro, em particular, inovou novamente, diante dos desafios de coleta, colocando seus agentes de saúde para participar da coleta. Outras conquistas foram o acompanhamento da coleta em tempo real com dados diários das pessoas recenseadas e que nos permitirá ter um plano de divulgação com maior celeridade; e a captura das coordenadas dos domicílios”, ressaltou o presidente do IBGE.

Em relação aos desafios, ele destacou que o principal foi a falta de recenseadores, com o aquecimento do mercado de trabalho no segundo semestre de 2022, como em Santa Catarina, onde a taxa de desocupação é de 3,9%, quase pleno emprego. Outro desafio foram as redes sociais que amplificam fenômenos que eram casos isolados.

“A luz do fim do túnel já está dada, mas temos o desafio de não deixar a inércia de início de ano imperar. Em janeiro, vamos pisar no acelerador. Sob os pontos de vista financeiro e operacional estamos resolvidos, precisamos continuar a ter motivação para encerramos o Censo”, resumiu Rios Neto

A Representante do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil, Júnia Quiroga, também destacou inovações do IBGE em nível global como o Censo 2010, que permitiu a criação de Centros de Referência em coleta eletrônica na África. No Censo 2022, ela ressaltou o acompanhamento da coleta em tempo real; a vinda de observadores internacionais de 25 países, uma medida ousada já que eles trouxeram feedbacks mas também sugestões de melhorias; e o aprimoramento do acompanhamento dos povos e comunidades tradicionais.

“O Censo Demográfico é a operação civil mais complexa em tempos de paz. E num país continental como o Brasil há inovações como a interação da coleta de dados com políticas públicas. É preciso fomentar a produção estatística não só para a análise técnica e, sim, como instrumento para a promoção do desenvolvimento e a utilização do dado para a tomada de decisão qualificada”, afirmou Júnia.

Para o Cimar Azeredo, apesar dos desafios, o Censo está em vias de ser concluído. “Nosso maior desafio foi contratar recenseadores, planejamos contratar 180 mil e o máximo a que chegamos foi 120 mil. Depois a pandemia atrapalhou o planejamento anterior e fenômenos climáticos como chuvas contribuíram para os atrasos. Este também foi o primeiro censo com rede social e tivemos de combater as fake news. Também tivemos problemas no pagamento dos recenseadores por não termos testado o sistema antes. Além das inúmeras Medidas Provisórias”, elencou Azeredo os principais desafios.

Ele destacou inovações como o registro prévio sistemático de informações sobre aglomerados subnormais, que facilitou o trabalho de entrar nessas comunidades. E o aprimoramento do registro das comunidades tradicionais, pela primeira vez com cobertura de 100% das áreas indígenas e o primeiro registro das comunidades quilombolas, que vai sair da invisibilidade estatística, segundo Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais.

Os testes nas 27 unidades estaduais deram uma visão de como funciona a operação censitária com experiências em nove municípios, quatro distritos, sete bairros e dez localidades. O treinamento foi desafiador, tendo como resultado a capacitação de mais de 240 mil pessoas, sob a supervisão da coordenação operacional do Censo e apoio da Ence. Houve ainda avanços no Cadastro Nacional para Fins Estatísticos (CNEFE).

Na tecnologia, registraram-se avanços na área de tecnologia da informação e utilização de imagens por satélite de alta resolução, captação de coordenadas que deixarão um legado para as áreas de defesa civil e prevenção de desastres; e uso de dashboards para visualização dos resultados. Além disso, foi um censo extremamente conectado, com chips nos DMCs que permitem a transmissão em tempo real da coleta.

“Isso aumenta a velocidade do acompanhamento do Censo e reduz a necessidade do posto de coleta. Ainda não utilizamos 5G, mas provavelmente em novas coletas o 5G será utilizado. Também utilizamos mapas a partir da coleta das coordenadas”, afirmou o diretor de informática do IBGE, Carlos Renato Cotovio.

No evento, também foi lançado o serviço Disque-Censo 137. Os moradores de domicílios onde ainda ninguém respondeu ao Censo 2022 devem ligar para o Disque-Censo 137, disponível em municípios selecionados de todos os estados do país desde ontem(27). O serviço será disponibilizado de forma gradativa nos municípios de acordo com o andamento da coleta em cada local. Para saber se o Disque-Censo está disponível no seu município, clique aqui.

No final do evento, um debate reuniu sete superintendentes de alguns dos estados que estão com a coleta mais adiantada. José Mendes Coelho, do Amazonas, Leonardo Santana Passos, do Piauí; Adriane Almeida do Sacramento, do Sergipe. Francisco Garrido Garcia, de São Paulo, Roberto kern Gomes, de Santa Catarina, Edson Roberto Vieira, de Goiás e José Francisco Teixeira Carvalho, do Rio de Janeiro.

Postado em 28 de dezembro de 2022